O ladrão de nuvens - João Pedro Mésseder

Este é um projeto criado com o apoio do PNL 2027. Através do canal de youtube disponibilizado é possível aceder, gratuitamente, a várias histórias. 






Era uma vez um ladrão de nuvens.
Rouba nuvens até mais não poder.
Nuvens brancas, cinzentas e até cor-de-rosa.
Nuvens com cara de gente, de leão, de bruxa ou de pássaro.
Nuvens de rosto zangado ou sorridente ou adormecidas nuvens pura e simplesmente
Que são as mais fáceis de roubar.
E também gosta de colher rastos de avião a jato e brancos fiapos de nuvem,
Estes para encher as almofadas onde à noite pousa a cabeça cansada.
Rouba nuvens e enfia-as num grande saco de seda fina.
E a única coisa que o deixa um pouco desiludido é o céu azul e lavado,
Pois fica a saber que nesse dia, a fábrica de nuvens não abriu
E em que recanto do céu tal fábrica existe é coisa que ele nunca descobriu.
Ninguém leva a mal este ladrão. É que as nuvens nunca acabam.
A toda a hora aparecem nuvens novas, sempre belas e as pessoas até agradecem
Que em certos dias o ladrão desanuvie o céu de algumas delas.
Sempre quis conhecer a morada do ladrão de nuvens,
O lugar onde ele as armazena. Mas nunca consegui.
Sempre que me ponho a segui-lo acabo por perdê-lo de vista entre a floresta de nuvens.
Nos dias de céu limpo também não é possível.
Dizem os mais velhos que abre a janela pela manhã,
Olha para o alto e volta para a cama, nesses dias,
Pousa a cabeça na almofada de fiapos de nuvem e continua a sonhar talvez nebulosamente.
Que sonhos sonhará o ladrão de nuvens?